Por Thiago Cruz
Barrichello se despede da F1 após 19 anos |
Agora é oficial! Rubens
Barrichello correrá na Formula Indy em 2012, com isso encerra-se um ciclo na
carreira do piloto, que correu por 19 anos ininterruptos na categoria máxima do
automobilismo, a Formula 1. Sem vaga em nenhuma equipe após a confirmação de
Bruno Senna na Willians, foi preciso encontrar novos rumos a sua carreira.
Agora ele estará na equipe KV Racing e terá o seu amigo pessoal, Tony Kanaan
como companheiro,este que foi o grande responsável pela chegada de Rubinho a
nova categoria. A Formula Indy é uma chance que Barrichello tem de afastar os
estigmas que conquistou após sua irregular passagem na F1.
Barrichello não é o
melhor dos pilotos, mas também não é dos piores como alguns o intitulam, o fato
é que durante grande parte de sua carreira teve que carregar o fardo de ser o
principal piloto brasileiro na Formula 1 após a morte do mito Ayrton Senna.
Rubinho não estava preparado para pressão de ser o seu sucessor, provavelmente
ninguém estaria. Quando este estreou na F1 em 93 com apenas 21 anos, era apenas
uma promessa que corria sem pressão por resultados, já que toda atenção estava
voltada para Senna, mas com a morte deste, já no ano seguinte foi elevado a
condição de esperança de continuidade dos títulos brasileiros na competição,
que já era rotina graças aos seus antecessores Fittipaldi, Piquet e Senna.
Barrichello sucumbiu à pressão, os resultados não vieram e o descrédito sobre sua
capacidade aumentaram.
Schumacher foi o algoz de Rubinho na Ferrari. O brasileiro nao queria ser apenas seu coadjuvante |
O fracasso na Ferrari o
afundou de vez, foi de esperança a chacota, e ele foi muito responsável por
isso, pois alimentou uma expectativa irreal aos brasileiros. As poucas vitorias
e os fracassos de Barrichello no momento decisivo, fez com que fosse
estigmatizado de azarado e perdedor no Brasil . É inegável a sua importância na hegemonia da
Ferrari no inicio do século, além de trabalhar muito bem o carro, fazia muito
bem o papel de coadjuvante para o Schumacher ser a estrela. Para o torcedor era
pouco e para ele também, aos poucos ele aderiu a alcunha do “coitadinho” que
era deixado em segundo plano pela equipe, o que não era verdade, Schumacher
tinha história e resultados nas pistas que o credenciava a ter privilégios de
ter o melhor carro, ser o 1°piloto e ter a equipe trabalhando em seu
favor, caberia a Barrichello provar que
merecia condições iguais, como Senna fez em relação a Prost quando chegou na
McLaren, mas Rubinho não o fez.
Após muitas polemicas e
cansado de viver sobre a sombra de Schumacher, Rubinho buscou novas
oportunidade e em 2009 quando parecia que sua estadia na F1 estava no fim, eis
que oportunidade de sua vida cai no seu colo. A recém-criada equipe Brawn GP
desenvolve o melhor carro disparado do Grid, e lá não havia determinação de 1°
e 2° piloto. Oportunidade de calar todos os críticos e desfazer a imagem
construída nos anos de Ferrari. Mas novamente Barrichello fracassou. Seu companheiro de equipe Jenson Button
venceu 6 das 7 primeiras corridas e conquistou o titulo por antecipação,
enquanto Rubens conseguiu apenas 2 vitorias no ano e não conseguiu nem mesmo o
vice-campeonato de pilotos. Todas as desculpas dadas pelo fracasso na Ferrari
caíram por Terra, quando com todas as condições favoráveis ele não conseguiu
ser campeão na Brawn GP, e assim decepcionou a todos que ainda acreditavam
nele. Foi sua ultima chance.
Barrichello nao estava preparado para pressão de substituir Senna |
Com participações
discretas na Willians nos anos seguintes, Barrichello pôs fim a sua historia na
F1. Seus 19 anos na categoria tiveram pontos altos a sua emocionante 1°
vitoria, na Alemanha, quando venceu após largar entre os últimos e correr na
chuva com pneus para pista seca, e o vice-campeonato de 2004 quando marcou 114
pontos, quantidade suficiente para ser campeão na maioria das temporadas
anteriores. Como momentos negativos destacam-se o GP dos EUA, quando acatou as
ordens do boxe e deixou Schumacher ultrapassa-lo quase na linha de chegada, o
grave acidente em Imola, no mesmo fim de semana da morte de Ayrton e é claro a
constrangedora “sambadinha” feita no pódio em suas vitorias.
Rubinho posa com o seu antigo carro na Ferrari. |
Sua carreira na F1 se
encerra com 325 corridas, um recorde de participações, e ainda 11 vitórias, 14
pole positions e 68 pódios. Nestes 19 anos na categoria, acumulou fortuna, respeito
dos que cercam o mundo automobilístico e um prestigio internacional inversamente
proporcional á rejeição adquirida no seu país. Rubinho não ficará marcado na
historia do automobilismo, logo seu único recorde será quebrado por seu algoz
Michael Schumacher, os objetivos esperados quando iniciou sua trajetória, não
foram alcançados, mas ele não merece carregar o estigma de azarado e perdedor
por não ter sido aquilo que dele se esperava. Seus resultados o colocam como o
4º melhor brasileiro na historia da F1, e isso é uma conquista admirável, visto
que os que estão a sua frente são gênios do automobilismo, os já citados Senna,
Piquet e Fittipaldi.
Apesar de uma
expressiva carreira, lhe ficou uma lacuna na F1: o titulo, mas são poucos os que
conseguem preenche-la. Acabou se retirando pela porta dos fundos, forçado pela
ausência de propostas, mas merecia sair pela porta da frente pelo exemplo de
persistência que deixou. Apesar de todos
os percalços, ao olhar sua historia na categoria Rubens Barrichello pode
orgulhar-se, olhar para trás e dizer que valeu.
Tchau rubinho e ja vai tarde! E poderia levar junto o Massa. Saudade do tempo que o brasil tinha pilotos de verdade.
ResponderExcluirDaniel Guedes
Rubens Barrichello foi fundamental no desenvolvimento do automobilismo no Brasil. Os apaixonados pelo mundo motor desta geração,como eu, conhecem bem o valor dele para o desenvolvimento, investimento, preparação dos nossos jovens pilotos. Pilotos estes, que farão historia. Acredito no sucesso do Rubinho na F1, Indy, Stock Car ou outra categoria, como piloto ou dirigente.
ResponderExcluirBoa sorte Barrica!
Rafael Duran